08/01/2013

A ascensão da Ditadura Militar no Brasil

FÓRUM: “O que eles não deixavam escrito no corpo dessas pessoas foi, no entanto, escrito a ferro e a fogo na carne da sociedade”. E cabem a cada um de nós, historiadores ou não, preservar, refletir e criticar os mecanismos que tornaram possível a ascensão e a queda de uma ordem Estatal que se sobrepôs a democracia, a liberdade e a vida do povo brasileiro”. Em sua opinião quais mecanismos estavam diretamente vinculados a ascensão da ditadura militar no Brasil?


Como é explícita, para todos os brasileiros a ditadura militar foi instaurada no Brasil, não por meio de convocação de eleições diretas, onde fosse dado aos eleitores o direito de escolher livremente o regime político, mas, pelo contrário, o regime foi implantado através de um “golpe” derrubando o então Presidente da República João Goulart, e a partir de então, os militares assumiram o poder iniciando um novo ciclo político na nação em 31 de março de 1964, haja vista que o Brasil viveu uma crise política e administrativa desde a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, e com isso, o vice-presidente da República João Goulart (Jango) assumiu oficialmente o cargo enfrentando forte oposição dos militares e da elite burguesa dominante, pois era um governante a favor do presidencialismo e contra o parlamentarismo e pretendia-se realizar as reformas de bases (agrária, urbana, tributária, eleitoral, bancária, do estatuto do capital estrangeiro, universitária, etc.).
Pode-se dizer que o Brasil enfrentou um caos _ inúmeras greves, protestos e movimentos subversivos abalaram o país e os militares com receio da situação fugir ao controle resolvem agir rapidamente para controlar a baderna instaurada que tomou as ruas das grandes metrópoles e teve o apoio da elite (dominante conservadora e tradicional) na Marcha da Família com Deus pela Liberdade. É importante mencionar que, João Goulart não agüentou as fortíssimas pressões políticas, pois não tinha nenhuma estratégia ou marketing político que pudesse efetivamente reverter à situação naquele momento e com isso, a única estratégia encontrada foi fugir para o Uruguai.

“(...) centenas de líderes políticos, camponeses e sindicalistas foram presos e tiveram seus direitos políticos cassados. A sede da UNE _ União Nacional dos Estudantes foi incendiada no Rio de Janeiro, os partidos políticos foram extintos e substituídos por apenas dois _ o partido do governo ARENA e outro da oposição o MDB (...)”[1].

A partir de então, a atitude sem pensar e radical realizada por João Goulart contribui para que os opositores ao seu governo saíssem vitoriosos no término desse confronto e instaurasse no Brasil um novo capítulo político, ou seja, um regime (totalitário, autoritário) conhecido por todos nós como Ditadura Militar ou “Anos de Chumbo”. Acreditava-se que os militares assumindo o poder de fato a situação política, administrativa e econômica mudaria para melhor, mas pelo contrário, foi instaurado um “terrorismo” sobre um sólido alicerce dos Atos Institucionais – AI nº 1, 2, 3, 4 e 5; e instauração dos Inquéritos  Policial-Militares (IPMs).

“(...) A onda de repressão iniciou-se logo no primeiro dia de golpe. Ações foram orquestradas contra os estudantes, sindicalistas, trabalhadores rurais e industriais, políticos e militares (...) Centenas de sindicatos caíram sob intervenção, as Ligas Camponesas foram dispersas (...) Cassações de  direitos políticos (...) Torturas e assassinatos deram início ao terrorismo de Estado (...)[2]”.

Infelizmente a ditadura militar para se perpetuar no poder promove no Brasil um período histórico de censuras, cassações e prisões onde vários intelectuais foram “mutilados” intelectualmente e os artistas aderiram à resistência democrática através dos Festivais de Músicas contra o regime.
Para driblar a democracia e a liberdade a ditadura militar implantou diversos “instrumentos de guerra” para exterminar os inimigos políticos baixando do AI – 5, considerado o mais cruel de todos os Atos Institucionais _ “um golpe dentro do golpe”, onde o Congresso Nacional foi fechado e os poderes foram concentrados no executivo e a repressão (terrorismo) aumentou cada vez mais dando início aos “Anos de Chumbo” e nessas cenas de filme de guerra e terrorismo sobre todo esse aparato político, administrativo, econômico, social e cultural a Ditadura Militar governou o Brasil e seus cidadãos por 21 anos.






[1] Idéia extraída  do You Tube, vídeo “Golpe Militar de 64”.
[2] Citação extraída do texto disponibilizado no site da Universidade Gama Filho _ UGF, pelo professor Aender Luis Guimarães.