Aluno:
Fabrício Oliveira
Curso:
Disseminadores
de Educação Fiscal
Disciplina:
Educação Fiscal no Contexto Social
Professora:
Kátia M. Rodrigues
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A lei de cada um
Martha Medeiros
Wesley Ramos é um menino de 11 anos que mora nos arredores de
Sorocaba, SP, e que foi homenageado semana passada pela prefeitura da sua
cidade por ter devolvido uma bolsa à dona e tudo o que nela havia, documentos
e dinheiro inclusive. Foram concedidas honrarias públicas para o menino
honesto.
A cada vez que isso é destacado no jornal, me sinto uma
extraterrestre. Viver num país onde os atos que deveriam ser corriqueiros
viram manchete é um sintoma da nossa deterioração moral. No jornalismo,
existe uma máxima que diz que notícia não é um cachorro morder uma pessoa, e
sim uma pessoa morder um cachorro. Wesley, que devolveu o que não era seu,
mordeu um cachorro.
O comum tornou-se incomum porque nos habituamos a tomar atitudes
desconectadas da ordem social. Na hora de bravatear, somos todos imaculados,
os reis do gogó, que salivam de prazer ao apontar as falhas dos outros, mas,
na hora de seguir a lei dos homens, refutamos a coletividade e tratamos de
seguir nossa própria lei. E a lei de cada um é a lei de ninguém.
A estrada, o lugar mais superpovoado do verão, oferece um
demonstrativo desse "cada um por si" que leva a catástrofes. A
faixa amarela contínua serve para os outros, não para o super-herói do volante
que enxerga mais longe e melhor do que os engenheiros de trânsito. Quantas
doses de álcool se pode beber antes de dirigir? Para a lei geral
estabelecida, nenhuma. Para a lei de cada um, o limite é decisão pessoal.
Choramos pelos mortos que ficam soterrados nas encostas por causa da
chuva, mas dai-nos um terreninho em cima do morro e com vista pro mar,
Senhor, e daremos um jeito de conseguir um alvará irregular.
A corrupção é generalizada. Na hora de espinafrar os Arrudas que
surgem na tevê, somos todos anjos, mas quando surge uma oportunidade de
facilitar o nosso lado, de encurtar caminhos, mesmo agindo incorretamente,
não existe lei, não existe ética, existe apenas uma oportunidade que não se
pode desperdiçar, coisa pequena, que mal há?
Honestidade e ética dependem unicamente do ponto de vista do cidadão:
quando ele enxerga o outro fazendo mal, condena. Quando é ele que age mal, o
mal deixa de existir, é apenas uma contingência. Essa miopia se corrige como?
Ninguém está imune a erros, mas seria um alívio se nossos erros se
mantivessem na esfera particular. Quando agimos como cidadãos responsáveis
pelo bem público, o erro de caso pensado deveria ser um crime. Aliás, é
crime. Mas somos hipócritas demais e há muito que invertemos os princípios
básicos da cidadania. Wesley foi homenageado por não ser mais um a inventar a
sua própria lei, e sim por ainda acreditar na lei de todos.
Fonte: Jornal "Zero Hora"
nº. 16214, 13/1/2010.
FÓRUM:
Com base no texto "A lei de cada um" de Martha Medeiros reflita
sobre os valores sociais que hoje se consolidam no nosso cotidiano e como
podemos contribuir para formarmos uma sociedade mais ética e pautada nos
princípios básicos da cidadania.
Lembre-se que o fórum é um espaço de construção
coletiva e busque interagir com os colegas, trocando impressões e
compartilhando opiniões.
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“(...) Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha...
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha...
Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...
Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada
Prá só dizer "sim, sim"
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada
Prá só dizer "sim, sim"
Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...
Grande pátria
Desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair...
Desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair...
Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...
Confia em mim
Brasil!! (...)[1]”.
Brasil!! (...)[1]”.
Do meu ponto de vista, seria inadmissível
iniciar este fórum sem citar a música “Brasil”, do cantor e compositor Cazuza
que é considerado um clássico (hino) da década de 1980, e que nas entrelinhas de
seus versos denunciava as mazelas administrativas, políticas, econômicas e
sociais do país e nos alertava em primeira mão de como seriam as décadas
posteriores.
Infelizmente, fomos acostumados, ou
seja, “adestrados” a conviver diariamente com: corrupção política, desvio de
dinheiro público, favorecimento ilícito, suborno, violência desenfreada,
tráfico de drogas e até de seres humanos, inflação, alta do preço dos
alimentos, arsenal bélico e atômico ampliando-se, covardia dos tribunais, etc;
estes são os valores que estão influenciando nossa sociedade em pleno século
XXI, e o Brasil está mostrando a sua cara e a sua realidade sem pretensão de “mascarar”
os fatos.
Após a leitura do texto “A lei de
cada um” de Martha Medeiros e nossos estudos paralelos percebemos que a
sociedade de modo em geral, está desvencilhando-se dos valores morais, éticos,
sociais e espirituais e o ser humano não tem o valor pelo que ele é, mas pelo
nome ou poder que ele tem; e enquanto isso, assistimos em câmera lenta às
famílias se deteriorando e a educação, as normas de conduta e convivência, a
solidariedade, o amor e o respeito ao próximo colocados em segundo plano _ tudo
passa a ser permitido, o conceito de bom/ruim; certo/errado; lícito/ilícito se
tornam invisíveis, e a partir daí vamos perdendo a noção do que se pode e deve
fazer ou o que não se pode e os sentimentos relacionados ao egoísmo e a
ganância vão nos consumindo gradativamente e nos condicionamos a viver dessa
maneira.
Não nos espantamos quando ligamos
a TV, lemos jornais ou acessamos a internet e nos defrontamos com notícia onde
adolescente leiloa a virgindade a qualquer preço, pois o “corpo” tornou-se uma
mercadoria que pode ser arrematado com alguns dólares ou euros, porém não temos
a capacidade de aceitar e compreender e até mesmo de apoiar uma atitude de
amor, respeito e solidariedade quando um casal de homossexual luta na justiça
para poder adotar uma criança que se encontra abandonada pela família, ou pelo
Estado, postura que é criticada pela sociedade arcaica, conservadora, hipócrita
e pela Igreja Católica Apostólica Romana e Igrejas Evangélicas.
Como podemos construir um futuro
melhor, se ainda temos uma mentalidade e postura medieval e não sabemos ouvir e
respeitar o que o outro realizou ou que tem a dizer. Vale lembrar que,
divergências, conflitos, etc; existe em toda a sociedade, porém temos que
aprender a reconhecê-los e lidar com eles com maturidade, de forma negociada e
democrática.
Sabemos que crianças,
adolescentes, jovens e adultos vivem num mundo cheio de informação, o que
reforça a necessidade da família, da comunidade escolar, lideranças
comunitárias, empresas públicas e privadas, meios de comunicação, autoridades
locais e estaduais, organizações não governamentais e comunidades religiosas, etc;
criar programas para resgatar os valores morais, sociais, éticos e espirituais
em relação à idéia da aluna Helena M. Yano, postada no Fórum, eu discordo, pois
acredito que atitudes como a do garoto Wesley Ramos, deve ser homenageada para
conscientizar os cidadãos que procedimentos como esses devem ser seguidos por
todos nós e principalmente pelos políticos que não sabem separar o que é
público do particular (privado) e apropriam-se dos cofres públicos em proveito
próprio ou alheio como, por exemplo: Paulo Maluf, Demóstenes Torres, Fernando
Collor de Mello, Lúcia Vânia, Marcelo Crivella, Sandro Mabel, Antônio Palocci,
Delúbio Soares, José Dirceu, José Genoíno, Luiz Gushiken, entre outros.
Enquanto educador acredito que é através
de práticas de homenagear ações dignas como a do Wesley Ramos que podemos
contribuir e construir um caminho para formação de uma consciência
politicamente correta dos indivíduos e eliminarmos as práticas de corrupção,
descontrole político e favorecimento ilícito que deterioram todas as estruturas
globais das nações.
[1] "Brasil" é a uma faixa do terceiro álbum solo do cantor de rock
brasileiro Cazuza, intitulado Ideologia de 1988. Foi composta por
Cazuza em parceria com George Israel do Kid Abelha
e ganhou o Prêmio Sharp de melhor canção.
"Brasil" é considerado uma declaração de amor ao país. No mesmo ano
de seu lançamento, a canção foi regravada por Gal Costa
numa versão mesclando o samba ao rock. Essa versão foi incluída como tema de abertura
da novela Vale Tudo da Rede Globo
e também recebeu um prêmio Sharp. Segundo algumas fontes, mas que nunca foi
confirmado, Brasil teria sido composta pela tentativa de emular o
sucesso de outro clássico do rock nacional, Que país é esse?, composta
por Renato Russo.
1 comentários:
Textos mostram a decadência dos princípios básicos de cidadania. É lamentável que vivamos numa sociedade assim, pois acontecimentos citados no texto deviam ser corriqueiros e não ser aplaudido por um ato que é dever de todo cidadão de bem.
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