AVALIAÇÃO
DISSERTATIVA: Discuta a questão da neutralidade do
historiador.
|
A historiadora Joelza Ester Domingues[1]
(2009) defende a ideia que o historiador busca conhecer e explicar o passado
para compreender o presente e transformar o futuro. E em hipótese alguma, pode
considerar o “dono da verdade”, pois está comprovado cientificamente que os
fatos podem ser explicados de diferentes maneiras e que o historiador é,
portanto um investigador (detetive) e qualquer assunto do domínio humano podem
servir de tema para sua pesquisa este deve ser um trabalho interdisciplinar,
haja vista que não há uma verdade única dos fatos e também não existe uma
História única. Existem Histórias, no plural.
E importante mencionar, no entanto, que devido ao
fato de não termos uma explicação única, para o mesmo tema / assunto _ o mesmo
poderá ser explicado por múltiplo viés, podendo ser utilizados outros
documentos e outras abordagens que não foram aplicados nos estudos anteriores, e
a partir daí, chega-se a outra versão ou interpretação. Mas no século XVIII,
não se pensava dessa forma, pois o Positivismo elaborado por Auguste Comte
defendia a idéia que os métodos (sintéticos) adotados nas ciências naturais
(Biologia) que analisava a sociedade como um todo também deve ser aplicados nas
ciências humanas, que deveria abarcar a totalidade da história humana visando
desta forma, a obtenção de resultados claros, objetivos, e completamente
corretos _ “a sociedade teria que sair do seu ponto menor de desenvolvimento e
todas elas, sem exceção, deveriam caminhar para o maior ponto de desenvolvimento,
ou seja, a sociedade européia industrial”.
Vale ressaltar que, os pensadores positivistas
acreditavam no argumento da neutralidade, ou seja, na separação entre o sujeito
e o objeto, entre o autor e sua obra e com isso, o homem (historiador,
sociólogo, filósofo, pesquisador, cientista, etc;) não teria a capacidade
suficiente e nem o poder para alterar os resultados do processo social o máximo
que ele poderia fazer era acelerar (catalisar) esse processo (acelerar a
fatalidade) não podendo em hipótese alguma, alterar o resultado. Como por
exemplo, podemos citar o aceleramento rumo a um modelo de uma sociedade
industrial nos moldes da Europa onde a “ordem” natural da evolução deve ser
aceita e respeitada pelos indivíduos.
Nessa proposta, o historiador deve ser um “agente
passivo”, ou seja, neutro e não deve aceitar a idéia e nem propor uma
“revolução” na História e na sociedade e não pode concordar com supostas
mudanças drástica no estudo de História e nem com a participação das massas
populares na construção da História. O historiador deve defender a plataforma
política da “Ordem e do Progresso” _ partir de um ponto negativo para um ponto
positivo e contribuir para o desenvolvimento de uma ciência social.
“(...)
A obra em vez de mostrar as opiniões e julgamentos de seu autor, retrataria de
forma neutra e clara uma dada realidade a partir de seus fatos, mas sem
analisar (...)[2]”.
Percebe-se que foi imposto uma “ditadura” e uma
“censura” em relação ao trabalho do historiador que ficou à mercê do discurso
político e educacional do período vigente e impossibilitado de emitir qualquer
opinião, pois acreditava-se que suposta prática pode alterar o sentido e a
verdade própria dos fatos e modificar a
História colocando os “heróis”, criados pela historiografia tradicional,
conservadora, ultrapassada, positivista, etc; no calabouço do esquecimento e
dando a possibilidade dos grupos sociais menos favorecidos de deixarem de ser “figurantes”
se tornar “atores principais” da História.
“(...)
era preciso acertar os fatos para somente depois correr o risco de “mergulhar
nas areias movediças da interpretação (...)[3]”.
Fica explícito que a neutralidade não permite com
que o historiador intervenha no processo e na análise e de sua pesquisa científica
e que deve apenas dar ênfase no estudo dos documentos que narravam os grandes
acontecimentos, à história política e institucional, a vida e os efeitos dos
grandes homens, das grandes batalhas, etc.
“(...)
A principal habilidade do historiador era tirar tudo do documento, sem acrescentar
nada nele. O melhor historiador era o que se mantinha mais perto que se
mantinha mais perto do texto que escrevia e pensava segundo os documentos (...)[4]”.
[1] Mestre em História Social pela
PUC _ SP, Bacharel em História pela FFLCH _ USP e Licenciada em História pela
Faculdade de Educação _ USP e autora do livro didático do Ensino Fundamental II
“História em Documento _Imagem e Texto”, adotado pelos professores de História
da Escola Estadual João Baptista de Oliveira, Itapecerica da Serra – SP.
[2] Citação retirada do artigo de
Paulo César Tomaz, graduado em História pela Universidade Estadual de Maringá e
mestrando do PPH _ UEM, orientado pela professora Sandra C. A. Pelegrini (pós –
doutoranda pelo NEE / Unicamp. Docente do DHI _ UEM/PR).
[3] Ibidem, p. 2.
[4] Ibidem, p. 2.
0 comentários:
Postar um comentário