Acadêmico:
Fabrício Oliveira
R.A:
71362
Curso:
História e Cultura no Brasil
Disciplina:
de Arte e Política: Cinema, Teatro e Música No Brasil
Professora:
Débora Maria M. Querido
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AVALIAÇÃO
DISSERTATIVA: No que diz respeito à arte pedagógica
em relação ao contexto político, comente as diferenças entre a arte da década
de 60 e 70.
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Fazendo a leitura do artigo “A Tropicália: Cultura e Política nos Anos 60” de Cláudio N. P.
Coelho[1],
foi possível entender que a década de 1960, revolucionou a produção artística no
Brasil e no mundo produzindo um novo tipo de arte como: a Tropicália (Movimento
Tropicalista[2]),
a Jovem Guarda, a Bossa Nova, etc; que conquistou espaço na imprensa, no rádio
e principalmente, na televisão brasileira.
“(...)
nos anos 60 o pensamento de esquerda exerceu um forte influência sobre a
produção cultural (...)[3]”.
Não podemos esquecer-nos de mencionar que na década
60, o Brasil sofreu intervenção militar (Golpe Militar / 1964) e o
endurecimento do regime em dezembro de 1968 que tinha a missão de aterrorizar a
sociedade civil de modo geral e exterminar qualquer tipo de idéia que fosse
contrária ao governo imposto no país e por isso foi criado o AI-5, mas mesmo
assim, existiram brasileiros (parlamentares, ativistas, sindicalistas,
intelectuais, professores, estudantes, religiosos, artistas, etc;) que conseguiram
superar seus medos, traumas, angústias, traições e decepções e não abandonaram
suas razões ideológicas (políticas, sociais, educacionais, culturais, etc.) em
prol de um Brasil democrático e onde qualquer espécie de “ditadura”, “repressão”
e “censura” fosse abolido, pois acreditava-se que causava um mal estar na
sociedade brasileira. Vale lembrar que, o teatro, o cinema, a música não se
intimidou com as atrocidades cometidas pela ditadura militar e continuo driblando
a repressão e a censura imposta e realizando uma arte de esquerda, contrária e
engajada[4]
que conscientiza os cidadãos brasileiros da política que está sendo implantada
de norte a sul do país, e denunciar a realidade autoritária e repressora.
De acordo com as idéias de Cláudio N. P. Coelho, o
tropicalismo rompeu com os velhos paradigmas da esquerda é por essa razão, mostrou-se
contrária à produção tropicalista.
“(...)
Essas novas produções se diferenciavam das artes da esquerda, pois não
expressavam uma superação histórica, nem exaltavam a luta como forma de
redenção, mas apenas retratavam a realidade brasileira como um alegre absurdo,
com sons e formas diferentes, priorizando o sentir (...)[5]”.
“(...)
O mais famoso dos confrontos esquerda X tropicalistas deu-se em setembro de
1968 no auditório do TUCA em São Paulo, quando as eliminatórias do Festival
Internacional da Canção (FIC) promovido pela TV Globo. Ali Caetano Veloso foi
praticamente impedido de cantar “É Proibido Proibir”, devido às vaias e gritos
de militantes de esquerda situados na platéia,
e respondeu com um discurso onde comparou esses militantes com os fascistas do
Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que havia espancado os atores da peça “Roda
Viva” de Chico Buarque de Hollanda, afirmando,
também, que eles estavam ultrapassados, que iriam “sempre matar o amanhã o
velhote inimigo que morreu ontem”, e que suas concepções artísticas
prenunciavam posições políticas perigosas: “Se vocês em política forem como são
em estética, estamos feitos! (...)[6]”.
Outro fator que chama nossa atenção em nossos
estudos foi quando nós nos deparamos com o confronto entre a esquerda e com os
músicos da Jovem Guarda (artistas alienados), pois para a esquerda Roberto
Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa só cantam músicas de experiência alheias (ao
universo da esquerda) _ conflitos sentimentais, passeios automobilísticos, etc;
utilizando formas artísticas execradas por ela _ o rock _ inspirado no gênero
americano. Na concepção da esquerda, os tropicalistas eram uma espécie de “agentes
do inimigo” infiltrados para destruir por dentro, o “movimento revolucionário”.
Neste momento os estudantes e universitários entram
em cena e eclode um grito no ar em prol da: democracia, liberdade (individual,
coletiva e de expressão), justiça, da solidariedade, generosidade, dignidade, cidadania,
igualdade de oportunidades, respeito às diferenças, etc; _ e em virtude disso,
vários cidadãos brasileiros foram “convidados” a viver na ilegalidade e na
clandestinagem, para salvar suas próprias vidas e não ser eliminados
rapidamente pelo regime.
É importante esclarecer, portanto, que nem todos os
indivíduos, pertencentes à esquerda política do Brasil viam os tropicalistas
como “traidores” e “contrários” a revolução, haja vista que o tropicalismo
denunciou através de sua arte uma nação confusa, injusta e engraçada que
almejava por transformações urgentemente.
A década de 1960 foi marcada pelo movimento Hippie
que defendia as idéias de liberdade sexual, do amor livre, da paz universal, de
liberdade, da liberação do uso do álcool e de outras drogas, do rock e com o
rompimento das tradições arcaicas e conservadoras que impregnavam na sociedade.
Assistindo o vídeo “Anos 70: Trajetórias _ Panorama Histórico Brasileiro” no You Tube,
vimos que o Brasil viveu neste momento histórico o período mais sombrio da
ditadura militar, marcado por presidentes militares e não civis onde os
brasileiros foram caçados e torturados como animais, exilados de sua terra
natal (Brasil), impedidos de exercerem suas profissões _ infelizmente, não
temos números exatos e com precisão de quantas pessoas foram perseguidas pelo
regime, haja vista que a censura se faz presente em todos os segmentos da
sociedade “cenas de filmes, versos de
músicas, notícias de jornais, peças de teatro e livros eram mutilados, cortados
às vezes de forma incompreensível _ nos jornais muitas notícias eram censuradas
como protesto o jornal Estado de São Paulo publicou versos dos Lusíadas para
preencher os espaços vazios”.
Neste período vale elucidar que diversas produções
artísticas e culturais foram censuradas como a peça de teatro “Rasga Coração”
de Oduvaldo Vianna Filho, a primeira versão da novela “Roque Santeiro” de Dias
Gomes. Segundo Celso Favaretto[7],
vários artistas faziam versos, livros e cinema e eram “cortados” pela censura,
mas através da linguagem figurada (metafórica / alusiva) driblavam a censura e
transmitia e reproduzia suas ideologias políticas e culturais, pois todos
encontravam na “corda bamba” com a ditadura militar.
Percebe-se que a televisão passou a ser o
eletrodoméstico mais consumido entre os brasileiros. Incentivava os brasileiros
a mudar os padrões de comportamento e suas próprias atitudes e a partir daí, a
cultura começa a ser pensada como cultura de mercado que leva os indivíduos a
ter a necessidade artificial de consumir cada vez mais.
Nesta época o rock ganha força embalado ao som de
Raul Seixas, Novos Baianos, Secos e Molhados, Clube da Esquina e Rita Lee e o
samba consegue novamente espaço entre outras esferas da nossa sociedade na voz
de Cartola, Lupicínio Rodrigues, Adoniram Barbosa. Vários artistas que foram presos
e depois exilados na década de 60 retornam ao Brasil e fazem grande sucesso
entre o público e produzem novos discos.
Não podemos deixar de abordar que a ditadura militar
criou diversas estratégias, para sabotar shows, espetáculos e as produções
artísticas de modo geral. A Rede Globo passou a liderar o ranking das emissoras
de televisão do país inovando sua grade de programação e na forma de informar e
entreter o telespectador sem se opor a dinâmica do regime militar
[1] Doutorando do Programa de Pós _
Graduação do Departamento de Sociologia, FFLCH _ USP. Disponível em: www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/pdf/vol01n2a%tropicalia.pdf
_ Tempo Social; Ver. Social. USP, S. Paulo, volume I.
[2] Denominação atribuída a
manifestações artísticas espalhadas por diferentes ramos da produção cultural,
como as artes plásticas _ com os trabalhos de Hélio Oiticica _, o cinema _ com
as obras de Glauber Rocha _ ou o teatro _ com as peças dirigidas por José Celso
Martinez. Música Popular Brasileira; onde se destacaram _ dentre outros _ os
cantores e compositores como Caetano Veloso e Gilberto Gil.
[3] Citação extraída do artigo
“A Tropicália: Cultura e Política nos Anos 60”.
[4] Arte engajada: obra artística
deve ter por referente à “realidade brasileira”, ser o reflexo da situação
vivida pelo “povo brasileiro”; do contrário, se for à expressão da
subjetividade do artista, por exemplo, será uma obra alienada, que “desvia” o
povo da tomada de consciência dos seus interesses, dificultando sua
participação na Revolução.
[5] Citação extraída do material
disponibilizado para download pela professora Débora Maria M. Querido, no site
da Universidade Gama Filho _ UGF.
[6] Citação extraída do artigo “A Tropicália: Cultura e Política nos Anos 60”.
[7] Professor do programa de
Pós-Graduação em Filosofia da FFLCH-USP.
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