FÓRUM:
Como a década de 50 consolidou uma função de produto de massa às produções
artísticas?
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A partir dos nossos estudos sobre o Brasil na década
de 1950, descobrimos que Getúlio Vargas foi reeleito presidente com a promessa
política, administrativa e econômica de tornar o país desenvolvido,
industrializado e moderno, pois ele rotulava como o “pai dos pobres” e a
historiografia como “populista”. Percebe-se, que Getúlio Vargas se aproveitou
dessa estratégia política para implantar no Brasil de maneira indireta, ou
seja, oculta um governo autoritário onde os cidadãos brasileiros tinham que
respeitar ele como pai e obedecer à sua autoridade, pois todos eram
considerados como filhos e súditos.
E importante mencionar, no entanto, que a promessa
de Getúlio Vargas foi cumprida em relação à industrialização e modernização do
país, haja vista que as massas populares abandonaram suas regiões de origem em
direção das grandes cidades e metrópoles, em busca de um novo emprego, melhores
salários, estudos e qualidade de vida, e a partir daí, o modo de vida (consumo
e comportamento) da população começou a mudar gradativamente.
Vale lembrar que, a industrialização e modernização
promoveram o desenvolvimento e a expansão dos meios de comunicação de massas no
Brasil permitindo o acesso a todos os cidadãos, tanto no que se refere à informação
quanto ao lazer e o rádio passou a fazer parte do cotidiano das pessoas,
tornando-se um companheiro de todas as horas e um importante meio de informação
e entretenimento.
“(...)
o rádio exerceu forte influência na vida das pessoas, sendo capaz de criar
modas, inovar estilos e inventar práticas cotidianas. Os diversos programas,
como as radionovelas, programas de auditório, humorísticos, de variedades, de
calouros e outros, fizeram tanto sucesso que marcaram profundamente a vida das
pessoas, transformando-se em parte integrante do cotidiano. Além da divulgação
de manifestações artísticas, mantinha as pessoas informadas e integradas,
superando os limites físicos. O rádio trazia o mundo para dentro de casa (...)
E continua presente em todos os meios, nas mais diversas situações. É utilizado
como veículo de informação, lazer, denúncias e difusão de uma ideologia formadora de opiniões (...)[1]”
.
De acordo com
Yvonete Pedra Meneguel e Oséias de Oliveira, Getúlio Vargas passou
a fazer uso desse meio de comunicação para difundir o projeto político –
pedagógico do Estado Novo, repassando a imagem de uma sociedade unida e
harmônica, sem divisões e conflitos sociais. Por meio de um programa oficial,
“A Hora do Brasil” que deveria ser retransmitida por todas as emissoras do
país, buscava-se difundir a informação, a cultura e o civismo, criando uma
unidade nacional.
Ao conhecer a história dos primeiros tempos do rádio
no Brasil e sua importância para a divulgação de uma ideologia, torna-se
possível entender por que o poder público procurou, desde o início, manter sob
o controle os meios de comunicação.
Não podemos esquecer-nos de mencionar neste fórum,
que o cinema e o teatro tiveram um papel importante no desenvolvimento da
produção cultural no Brasil que acabou sofrendo uma forte influência dos
Estados Unidos em relação aos produtos da indústria cultural (cinematográfica,
teatral, fonográfica, publicitária, etc.;), haja vista que o Brasil saiu na
frente em relação aos Estados Unidos, com os filmes denominados de Chanchadas[2]
nas décadas de 1950 e 1960 e seus atores e atrizes (Oscarito, Grande Otelo,
Dercy Gonçalves, Mazzaropi, etc.) foram aplaudidos e consagrados pelo público e
criticados pelos estudiosos do cinema brasileiro por considerar que esses
filmes eram imorais, vulgares, totalmente desprovido de conteúdo e de
inteligência e não seguia as tendências (supremacia / glamour) do cinema americano. O público sofisticado fazia pouco
caso delas e a elite cultural às esconjurava.
Percebe-se que a elite burguesa dominante tinha uma
forte resistência em relação às produções artísticas culturais oriundas das
classes populares e com o objetivo de reverter este cenário, urge um esforço de
elaborar um novo projeto de cultura que deve representar o lado mais polido,
culto, educado e civilizado da sociedade brasileira e a partir daí, foi criado
o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) _ companhia paulistana que importou
diretores e técnicos da Itália para formar um grupo de alto nível e repertório
sofisticado, solidificando a experiência moderna do teatro brasileiro.
Em 1950, foi fundado o Teatro Paulista de Estudantes
(TPE) ligado a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP com a
missão de romper barreiras e desafios políticos e extinguir os padrões
convencionais da expressão teatral vigente à época e a partir daí, propõem
encenação de peças teatrais que levasse o público a atentar para os problemas
políticos, econômicos, sociais do país e os dramas humanos coletivos, ou seja,
mostrar o Brasil como ele realmente é.
“(...)
o espetáculo atraiu a atenção das pessoas para a encenação nacional, que
expunha uma crítica a sua própria realidade social (...)”[3].
“(...)
a vontade
do novo trazia embutido, em várias áreas da cultura, o desejo de transformar a
realidade de um país subdesenvolvido, de retirá-lo do atraso, de construir uma
nação realmente independente (...)[4]”.
Antes de finalizar este fórum, é importante informar ao leitor que a
década de 1950, ficou conhecida como “anos dourados”, pois foi nesse período em
que se pensou em fazer um novo tipo: de programa de rádio, de cinema, de
teatro, de música, de literatura, de arte _ completamente diferente feito, até
então.
“(...)
Por outro lado, o vigor do movimento cultural encontrava eco junto a setores
das camadas médias urbanas em franca expansão, sobretudo universitárias,
sintonizadas com o espírito nacionalista da época, e com a crença nas
possibilidades de desenvolvimento do país (...)[5]”.
[1] Citação extraída do artigo “O rádio no Brasil: Do surgimento à década
de 1940 a primeira emissora de rádio de Guarapuava” de Yvonete Pedra
Meneguel, professora PDE, 1º edição, graduada em História pela Universidade
Estadual do Centro-Oeste _ UNICENTRO (1993). Pós-Graduação em Ensino, Teoria e
Produção do Conhecimento Histórico pela Universidade Estadual Centro-Oeste _UNICENTRO
(1998) e Professor Dr. Oséias de Oliveira, Docente do Curso de Graduação de
História da Universidade Centro- Oeste _ UNICENTRO, orientador do Programa de
Desenvolvimento Educacional, PDE, 1º edição.
[2] Produções cinematográfica de
humor que lotavam as salas de cinemas que escrachava com o subdesenvolvimento
do país, fazendo dele motivo de gargalhada. No riso havia a
catarse que fazia superar a autocomiseração nacional. Mas, sem dúvida, com
poucos recursos, muitas vezes feitos às pressas e de forma improvisada, os
filmes eram o reflexo da pobreza tecnológica e atraso geral do Brasil. Aos
olhos dos críticos, eram muito mais: mostravam explicitamente a falta de
cultura e de inteligência do país. Não obstante, muitos desses filmes
satirizavam os costumes e a situação sócio-econômica e política, não podendo
ser classificados como alienados ou alienantes. Como em muitas chanchadas, a
impotência do brasileiro diante do colonizador havia inspirado o roteiro. Mas
as frustrações de colonizado e, em particular nesta produção, o caos do governo
de Getúlio, estavam implícitos em metáforas. Havia no filme algo mais que a
simples intenção de provocar o riso e lotar os cinemas como era de se esperar
numa chanchada. Por isso esta comédia ganhou certo respeito de críticos e
estudiosos.
[3] Citação extraída do material
disponibilizado pela professora Débora Maria M. Querido, no site da
Universidade Gama Filho – UGF.
[4] Citação extraída do site
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Sociedade/Anos1950.
[5] Citação extraída do site
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Sociedade/Anos1950.
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