28/01/2013

Modelo de Carta de Intenção para o cargo de Professor Mediador Escolar e Comunitário


CARTA DE INTENÇÃO

Á
COMISSÃO DO PROCESSO SELETIVO DE PROFESSOR MEDIADOR ESCOLAR E COMUNITÁRIO

Prezada Comissão,

Eu, Fabrício Oliveira, portador do RG nº XXXXXXXXXX e inscrito no CPF nº XXXXXXXXXX, habilitado em História e Pedagogia e atualmente cursando Pós-Graduação Lato Sensu (EAD) em História e Cultura no Brasil, professor PEBI, categoria XXXXXXXXXX, candidato à vaga de Professor Mediador e Comunitário na Diretoria Regional de Ensino _ Região XXXXXXXXXX da cidade de XXXXXXXXXX.
Venho por meio deste, apresentar minhas intenções pelas quais me interesso a concorrer ao cargo, pois acredito que nunca é tarde para inovar e transformar. Sinto a enorme necessidade de aprender cada vez mais e sinto-me desafiado a encarar novos desafios sem receio de enfrentá-los e aventurar-me por mares desconhecidos, pois sou um “apaixonado” pela educação e acredito que o maior tesouro que os pais podem deixar como herança aos seus filhos são os estudos e os valores morais (a honra, a verdade, o trabalho, a dignidade, a fé em Deus, o amor ao próximo, etc.,) e este não poderá ser perdido, roubado ou reivindicado por meio de uma ação judicial perante o juiz de direito.
Como historiador e pedagogo acredito indubitavelmente que através da educação vamos modificar as diretrizes políticas, econômicas, educacionais, sociais e culturais do país permitindo que todos os brasileiros independente da classe social a que pertence tenha acesso a um sistema educacional que vise à universalização do acesso, à equidade e à qualidade do ensino, não importa se é público ou privado, mas que de oportunidades para que todos os indivíduos cresça, desenvolva, aprenda e constantemente se aprimore enquanto ser humano e tenha uma consciência crítica, criativa, construtiva, reflexiva e solidária para que a partir daí, possa preservar o planeta Terra e respeitar o seu próximo na sua particularidade e individualidade independente da cor da pele, do credo religioso, da orientação partidária, da filosofia de vida e da orientação sexual, etc.
É através da educação, que podemos eliminar de vez todos os tipos de conflitos, tabus, estigmas e preconceitos sócio-culturais existentes na nossa sociedade contemporânea e permitir que as nossas crianças e adolescentes tenham acesso a diferentes formas de cultura, pois como elucida BURKE[1] (2003:14) ao afirmar que vivemos em um período marcado por encontros culturais cada vez mais freqüentes calcado por um hibridismo[2] cultural.
A violência se faz presente na nossa sociedade ao longo dos tempos e infelizmente cada vez mais invade o espaço escolar sem pedir licença, causando o caos e uma barbárie dentro e fora da sala de aula, levando os nossos alunos (crianças, adolescentes e adultos) a se “digladiarem” constantemente e vivendo em pé de guerra, pois não estamos acostumados a respeitar as ideologias alheias e acima de tudo, temos uma enorme dificuldade em compreender e aceitar as diferenças do outro em razão disso, não estamos tendo um ambiente escolar socialmente harmonioso e saudável que permite com que os alunos e professores tenham estímulo, prazer e segurança em estudar e lecionar e estejam aptos a construir uma cultura de paz, de cidadania e de são convivialidade.
Pretendo como Professor Mediador Comunitário ajudar a escola em que eu for atuar a encontrar mecanismos para eliminar os conflitos imprevisíveis como, por exemplo: a indisciplina, a falta de limite, a falta de respeito, a falta de compromisso com os estudos, o bullying, a agressão (física, material, verbal, moral, psicológica, sexual e virtual), comportamentos (indesejáveis e inadmissíveis), etc; trabalhar alinhado e em conjunto com a equipe gestora, coordenação pedagógica, funcionários e colaboradores da escola, pais, professores efetivos; categoria F e O; e principalmente com os Eventuais porque estes docentes encontram enorme dificuldade, em ser ouvidos e respeitados pelos alunos e na maioria das vezes, não sabem como lidar com situações conflituosas que ocorrem em sala de aula. Vale mencionar que, vou estar empenhado em promover, conscientizar e encorajar os alunos a respeitarem a diferença e a praticarem a tolerância, pois como Professor Mediador Comunitário vou defender a ideia: “Aceitar é uma opção. Respeitar é um dever”.
A tarefa não vai ser fácil, mas nada me impede de esforçar, tentar colocar em prática as metas, mesmo que sejam audaciosas para os paradigmas educacionais, sociais e culturais vigentes, pois acredito que a escola precisa de gente de ação.
As escolas públicas estaduais do Estado de São Paulo abrigam alunos de diferentes idades, níveis de desenvolvimento psicossocial e estratos sociais, que devem receber do Estado atenções adequadas às suas necessidades. Como Professor Mediador Comunitário vou procurar abrir espaços e criar relações de parceria para trazer os pais ou responsáveis para dentro do âmbito escolar, pois são os principais interessados numa boa educação para seus filhos dessa forma vamos trabalhar juntos, trocando informações, compartilhando decisões e colaborando com a rotina de trabalho dos professores para garantir  uma educação de qualidade para todos os nossos estudantes.
Ao surgir, condutas (incompatíveis, indesejáveis, inadmissíveis) que possa estar interferindo no bom andamento das aulas e atrapalhar a aprendizagem escolar dos alunos procurarei apurar os fatos de forma “neutra” e “imparcial” buscando o apoio da equipe gestora, coordenação pedagógica, professores, funcionários, pais e/ou responsáveis e o conselho escolar para chegarmos a um consenso e juntos aplicarmos medidas disciplinares, sempre considerando, na caracterização da falta, a idade do aluno e a reincidência do ato sempre com muito cuidado, para não expor o aluno ao ridículo e ao constrangimento com a intenção de preservar sua (auto) imagem.
Através de Projetos Pedagógicos Transversais e Interdisciplinares, conscientizaremos os alunos a partir de ações sócio-educativas e culturais, a fim de evidenciar que o Estado de São Paulo, adverte que a falta de respeito, desacato ou afronta a diretores, professores, colaboradores da escola ou qualquer funcionário público é uma falta grave o que acarreta penalizações nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil e das leis vigentes. É necessário mostrar para os alunos que o aparelho de celular não combina com sala de aula e, a partir daí, estabelecer um acordo amigável que ao entrar na sala de aula este equipamento eletrônico deve ser desligado ou colocado no modo silencioso para atrapalhar o processo de ensino aprendizagem, de acordo com o dispositivo da Lei nº. 12.730 de 11 de outubro de 2007.
Vale lembrar que, o acordo estenderá para o uso de notebook, tablet, jogos portáteis, tocadores de música ou outro dispositivo de comunicação ou entretenimento que perturbem o ambiente escolar; prejudiquem o aprendizado ou que possa gerar conflitos, por exemplo, intrigas de adolescentes, indisciplina em sala de aula, fofocas de alunos contra aluno, falta de atenção e de compromisso com as atividades propostas em classe, roubo e perda de celulares, etc.
Em casos extremos e após analisar o histórico de conflitos e problemas causado pelo aluno vou propor a equipe gestora, coordenação pedagógica, docentes, pais e/ou responsáveis o encaminhamento[3] do aluno à Saúde Escolar, baseado na assistência médica, psicológica, fonoaudióloga, psicopedagogo, assistente social, etc; com o objetivo de cuidar de distúrbios, prevenirem os agravos e proporcionar uma melhor qualidade de vida para o aluno e estabelecer à sua inserção no contexto escolar.
Sem mais para o momento.
Atenciosamente,

São Paulo, 23 de janeiro de 2013.



_________________________________________
Fabrício Oliveira





[1] Peter Burke é um historiador inglês, e doutorado na Universidade de Oxford, foi professor de História das Idéias na School of European Studies da Universidade de Essex, por dezesseis anos professor na Universidade de Sussex e professor na Universidade de Princeton; atualmente é professor emérito da Universidade de Cambridge. Autor de 22 livros publicados, 12 deles traduzidos e editados em português.
[2] Hibridismo cultural é a mistura de várias culturas, todas as culturas estão envolvidas entre si, nenhuma delas é única e pura, todas são híbridas, heterogêneas. A música, a linguagem oferece muitos exemplos notáveis de hibridização. Idéia extraída do livro: BURKE, Peter. Hibridismo Cultural. 3. ed. São Leopoldo: Unisinos, 2010. p. 13 – 14.
[3] O encaminhamento pode ser direcionado a serviços de orientação em situações de abuso de drogas, álcool ou similares; para casos de intimidação baseada em preconceito ou assédio; ao Conselho Tutelar em caso de abandono intelectual, moral ou material por parte dos pais ou responsáveis.

11/01/2013

As atrocidades cometidas pela ditadura militar no Brasil

AVALIAÇÃO DISSERTATIVA: Entendendo a luta armada como uma “resistência ativa” que não pode se efetivar sem violar a disciplina estabelecida, como você julga a reação dos governos militares que, em defesa da ordem que acreditavam como correta, passaram por cima das leis do país e dos direitos humanos?

Não devemos em hipótese alguma esquecer que a ditadura militar cometeu no Brasil uma verdadeira barbárie durante o período em que esteve no poder, pois mais que algumas pessoas pretendem esquecer de uma vez por todas as atrocidades, os crimes e a violência praticada pelo Estado de norte a sul do país e inevitável apagarem da História do Brasil, haja vista que muitos cidadãos brasileiros lutaram em favor da: vida, liberdade, justiça, cidadania, igualdade, democracia, etc; e foram julgados, torturados e assassinatos a mando dos militares que se encontrava no poder.

“(...) a ditadura recorreu à violência brutal (...) Nos cárceres, as torturas são indescritíveis. Prisioneiros e suspeitos são assassinados e fuzilados (...)[1]”.

Porque muitos indivíduos não querem que nós e às gerações futuras tenha conhecimento da “inquisição” praticada abertamente pela ditadura militar? Ou será que é para apagar da memória dos brasileiros o mal-estar que a sociedade civil, viveu de 1964 a 1985, ou e para mascarar o rosto dos militares que em prol (suposição) de um país melhor, enterrou com sangue e concreto e diversas práticas metódicas[2] (calculistas e frias) o ideal da democracia.
Vale mencionar que, a prática política e os mecanismos utilizados pela ditadura militar para se perpetuar no poder foi totalmente imoral e desumana, pois acima de todos, e acima de tudo não respeitou as leis, os direitos humanos e nem a Constituição do Brasil. Os cidadãos brasileiros viveram com medo e em constante alerta, pois qualquer atitude independente de quaisquer que fossem poderia render conseqüências graves e desastrosas e infelizmente não era dado do direito de ampla defesa.

“ (...) No Brasil da ditadura houve uma tentativa de apagar qualquer traço de assassinato (...) tentaram arrancar uma página da história (...) Eles eliminaram o traço por excelência do crime, os cadáveres (...)[3]”.

Em nome do poder, da intimidação e da omissão a Ditadura Militar elaborou regras que deveria ser cumprida de imediato pelo universo intelectual e artístico e principalmente pela indústria cultural, onde estipulou o que a população deveria ou não saber. Os meios de comunicação de massas deveria se adaptar ao regime para evitar sofrer represálias.
No campo educacional, o regime militar não visou um ensino crítico, criativo, construtivo e reflexivo pelo contrário, elaborou uma proposta educacional com o objetivo de “adestrar” os estudantes negando-lhes a possibilidade de reflexão e de construção autônoma e castrando sua visão de mundo e de política. A educação brasileira não foi valorizada e nem deu ênfase na heterogeneidade das escolas e dos alunos e não tentou criar um modelo de ensino que tivesse a “cara” do Brasil e atendesse às necessidades de nossos discentes. Como costume não foi valorizado as nossas raízes e tradições culturais e importando um modelo de educação nos paradigmas adotados pelos Estados Unidos que valorizou a educação tecnicista que formou mão de obra qualificada a baixo custo e com profunda falta de qualificação com a missão de ajudar a promover a industrialização e o desenvolvimento do milagre econômico.
De acordo com a Presidenta da República Dilma Rousseff, a geração deste período “sentiu na carne” o abuso e a truculência do Estado e como os direitos humanos foram violados pelo regime que se encontrava longe de estabelecer uma sociedade democrática.


[1] Citação extraída do material disponibilizado no site da Universidade Gama Filho _ UGF pelo professor Aender Luis Guimarães.
[2] Captura, investigação, interrogatório, tortura física e psicológica, censura, penas de mortes , prisão perpétua, etc.
[3] Citação extraída do material disponibilizado no site da Universidade Gama Filho _ UGF pelo professor Aender Luis Guimarães.

08/01/2013

A ascensão da Ditadura Militar no Brasil

FÓRUM: “O que eles não deixavam escrito no corpo dessas pessoas foi, no entanto, escrito a ferro e a fogo na carne da sociedade”. E cabem a cada um de nós, historiadores ou não, preservar, refletir e criticar os mecanismos que tornaram possível a ascensão e a queda de uma ordem Estatal que se sobrepôs a democracia, a liberdade e a vida do povo brasileiro”. Em sua opinião quais mecanismos estavam diretamente vinculados a ascensão da ditadura militar no Brasil?


Como é explícita, para todos os brasileiros a ditadura militar foi instaurada no Brasil, não por meio de convocação de eleições diretas, onde fosse dado aos eleitores o direito de escolher livremente o regime político, mas, pelo contrário, o regime foi implantado através de um “golpe” derrubando o então Presidente da República João Goulart, e a partir de então, os militares assumiram o poder iniciando um novo ciclo político na nação em 31 de março de 1964, haja vista que o Brasil viveu uma crise política e administrativa desde a renúncia do presidente Jânio Quadros em 1961, e com isso, o vice-presidente da República João Goulart (Jango) assumiu oficialmente o cargo enfrentando forte oposição dos militares e da elite burguesa dominante, pois era um governante a favor do presidencialismo e contra o parlamentarismo e pretendia-se realizar as reformas de bases (agrária, urbana, tributária, eleitoral, bancária, do estatuto do capital estrangeiro, universitária, etc.).
Pode-se dizer que o Brasil enfrentou um caos _ inúmeras greves, protestos e movimentos subversivos abalaram o país e os militares com receio da situação fugir ao controle resolvem agir rapidamente para controlar a baderna instaurada que tomou as ruas das grandes metrópoles e teve o apoio da elite (dominante conservadora e tradicional) na Marcha da Família com Deus pela Liberdade. É importante mencionar que, João Goulart não agüentou as fortíssimas pressões políticas, pois não tinha nenhuma estratégia ou marketing político que pudesse efetivamente reverter à situação naquele momento e com isso, a única estratégia encontrada foi fugir para o Uruguai.

“(...) centenas de líderes políticos, camponeses e sindicalistas foram presos e tiveram seus direitos políticos cassados. A sede da UNE _ União Nacional dos Estudantes foi incendiada no Rio de Janeiro, os partidos políticos foram extintos e substituídos por apenas dois _ o partido do governo ARENA e outro da oposição o MDB (...)”[1].

A partir de então, a atitude sem pensar e radical realizada por João Goulart contribui para que os opositores ao seu governo saíssem vitoriosos no término desse confronto e instaurasse no Brasil um novo capítulo político, ou seja, um regime (totalitário, autoritário) conhecido por todos nós como Ditadura Militar ou “Anos de Chumbo”. Acreditava-se que os militares assumindo o poder de fato a situação política, administrativa e econômica mudaria para melhor, mas pelo contrário, foi instaurado um “terrorismo” sobre um sólido alicerce dos Atos Institucionais – AI nº 1, 2, 3, 4 e 5; e instauração dos Inquéritos  Policial-Militares (IPMs).

“(...) A onda de repressão iniciou-se logo no primeiro dia de golpe. Ações foram orquestradas contra os estudantes, sindicalistas, trabalhadores rurais e industriais, políticos e militares (...) Centenas de sindicatos caíram sob intervenção, as Ligas Camponesas foram dispersas (...) Cassações de  direitos políticos (...) Torturas e assassinatos deram início ao terrorismo de Estado (...)[2]”.

Infelizmente a ditadura militar para se perpetuar no poder promove no Brasil um período histórico de censuras, cassações e prisões onde vários intelectuais foram “mutilados” intelectualmente e os artistas aderiram à resistência democrática através dos Festivais de Músicas contra o regime.
Para driblar a democracia e a liberdade a ditadura militar implantou diversos “instrumentos de guerra” para exterminar os inimigos políticos baixando do AI – 5, considerado o mais cruel de todos os Atos Institucionais _ “um golpe dentro do golpe”, onde o Congresso Nacional foi fechado e os poderes foram concentrados no executivo e a repressão (terrorismo) aumentou cada vez mais dando início aos “Anos de Chumbo” e nessas cenas de filme de guerra e terrorismo sobre todo esse aparato político, administrativo, econômico, social e cultural a Ditadura Militar governou o Brasil e seus cidadãos por 21 anos.






[1] Idéia extraída  do You Tube, vídeo “Golpe Militar de 64”.
[2] Citação extraída do texto disponibilizado no site da Universidade Gama Filho _ UGF, pelo professor Aender Luis Guimarães.

04/01/2013

Perda da Aura na Obra de Arte por Walter Benjamin


AVALIAÇÃO DISSERTATIVA: Como Benjamin avalia a perda da aura na obra de arte no que diz respeito à realização das funções pedagógicas e expressivas da obra de arte.

 

Fazendo a análise crítica do artigo “O diálogo do olhar sobre a aura[1]” e dos textos disponibilizados no site da Universidade Gama Filho (UGF) pela professora Débora Maria M. Querido, foi possível entender que Walter Benjamin, filósofo judeu - alemão, foi o criador do conceito de aura em relação à obra de arte, pois para ele o universo encontra-se em constante transformação e inovação (imagética) e acabava intervindo na produção artística e com isso, o seu caráter sagrado, místico e autêntico se perdia causando um grande impacto negativo e radical em nosso tempo.

De acordo com as idéias defendidas por Walter Benjamin, a fotografia permite com que os indivíduos registrem e reproduzem-se cada vez mais, obras de arte, e valorizam a imagem captada pelo olhar do fotógrafo e não do pintor e a partir daí, a obra de arte perde a sua aura, sua autenticidade e sua função social e pedagógica e é descaracterizada e sendo utilizada por regimes totalitários (ditaduras) como estratégia política de alienação das massas populares e como recurso para promover e divulgar suas plataformas políticas (propagandas). Não podemos deixar de mencionar, que Walter Benjamin foi perseguido pelo regime nazista por ter sido contrário a esse procedimento de reprodução técnica que estava se impondo a arte naquele período e pelo fato de que a arte passou a ser encarada como um simples produto mercadológico, e que só pode ser exposta ou exibida ao público se rendia altos lucros aos seus financiadores; a autenticidade, a criatividade o teor pedagógico da obra de arte foi enclausurada nos calabouços do capitalismo e dos mecenas das artes.

Percebe-se que para Walter Benjamin esse progresso tecnológico, foi inserido no mundo artístico não com a intenção de melhorar, expandir ou desenvolver os trabalhos dos artistas, e fazer com que seus significados artísticos fossem captados pelas massas populares, mas, pelo contrário, a obra artística encontra-se alienada de si mesmo e do público, fruto da ação maliciosa de pequenos grupos que geram todo sistema artístico e de comunicação, de onde brotam interesses de ordem econômica em primeiro plano, antes mesmo de qualquer julgamento do objeto artístico.

Walter Benjamin alerta-nos que após a Revolução Industrial e pela facilidade de reproduzir integralmente obras de arte e essas está totalmente acessível e visível em qualquer lugar (museu, grandes galerias, “shopping centers”, etc;) a obra de arte vai perdendo seu valor pedagógico e expressivo _ a imagem artística deixa de ser cultuada e sua expressão banalizada, perdendo seu valor de exposição e tomando outros sentidos, haja vista que o valor de cada obra é ditado por especialistas do mercado, por pessoas que não pinta, desenha e nem cria e o valor estético é desidealizado e não tem como objetivo educar as pessoas socialmente, moralmente e culturalmente.

 

“(...) As obras de arte têm ficado cada vez mais parecida uma às outras, devido à banalização dos ideais (...) que leva à geração de elementos “aurais” (...)”[2].

 

A partir do que foi exposto até o momento, podemos pressupor que as massas populares não conseguem perceber a grandeza de uma obra de arte e que a mesma está perdendo seu significado pedagógico e expressivo e não está nem envolvida nem comprometida com a: política, evolução, libertação e conscientização dos indivíduos, pois infelizmente a arte para Walter Benjamin se tornou uma “arte industrial”, ou seja, mecânica. O público passou a ser atraído pelos “fetiches” criados no “seio do capital” e aderiu aos desejos das elites dominantes.

 

“(...) essa arte tem menos compromisso consigo mesmo, não estranha que se exclua do compromisso com a sociedade (...)”[3].

 

Vale lembrar que, o progresso tecnológico deveria ter favorecido com a função emancipatória, e tornado a arte democraticamente acessível ao ser humano e rompendo com as barreiras do monopólio cultural, pois ainda existe uma enorme diferença econômica e social entre os cidadãos do planeta Terra independente de suas nações, que os impede de ter contato com o “universo” das obras de artes e livre acesso a museu, galeria de arte, teatro, cinema, etc.

Para finalizar esta avaliação acreditamos ser pertinente, neste momento, evidenciar como é possível os grupos sociais menos favorecidos terem acesso aos meios de produção teatral e assistir uma peça de teatro se o valor do ingresso cobrado não é compatível com a renda familiar, haja vista que valor cobrado no ingresso para assistir “Priscila, Rainha do Deserto – o musical” no Teatro Bradesco do Bourbon Shopping São Paulo era:

Frisa 3º andar
R$ 40,00
Frisa 2º andar
R$ 80,00
Frisa 1º andar
R$ 120,00
Balcão Nobre
R$ 120,00
Camarote
R$ 180,00
Platéia Superior
R$ 200,00
Platéia Vip (Filas A a I e J a O central)
R$ 250,00

 

 

 

 



[1] Artigo escrito por Edvaldo Siqueira Albuquerque, mestrando em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará – UFC.
[2]  Ibidem, p. 9.
[3] Ibidem, p. 10.

Função Expressiva na Obra de Arte


FÓRUM: Considere uma das obras comentadas no texto e comente sobre a realização de uma função pedagógica e/ ou expressiva.

 

Em relação à função expressiva após a leitura do material, disponibilizado no site da Universidade Gama Filho – UGF pela professora Débora Maria M. Querido, podemos concluir que a função expressiva da obra de arte tem como objetivo “revelar” para a sociedade todos os tipos de manifestações artísticas e culturais (obras de artes) criada pelo homem ao longo do tempo, pois vivemos num mundo marcado por encontros culturais cada vez mais freqüentes calcado por um hibridismo cultural. É importante mencionar que as obras de arte não se podem reduzir apenas a uma (única) simples manifestação de sentimento, haja vista que as classes dominantes sempre tentaram impor paradigmas, estilos, conceitos, padrões, etc; no mundo das artes gerando uma visão excludente e preconceituosa em relação à arte popular oriunda das classes menos favorecida socialmente.

Se a arte expressiva tem como finalidade: mostrar. A partir daí, podemos dizer, que a arte na pré-história pretendia mostrar o mundo mágico-religioso daquele momento histórico e que a arte na Modernidade teve a pretensão de revelar a identidade individual e coletiva, marcada pelo estilismo.

Vale lembrar que a arte provoca nos indivíduos uma gama variada de sentimento e emoções e uma diversidade de reações humanas e sua função expressiva visa transformar num fim aquilo que para outras atividades humanas é um meio e com isso, transmuta instrumentos sensoriais e, quem sabe, consigamos alcançar nossos objetivos em um fim.

“(...) as artes transfiguram a realidade para que tenhamos acesso verdadeiro a ela. Desequilibra o instituído e os estabelecidos, descentra formas e palavras, retirando-as do contexto costumeiro para fazer-nos conhecê-las numa outra dimensão, instituinte ou criadora (...)”[1].

 

A função expressiva da obra de arte permite com que os indivíduos tenham oportunidade de conhecer o mundo, e enxergar como ele realmente é _ façanha realizada através de símbolos e alegorias em outras palavras: cores, texturas, formas, ritmos, gestos, expressões, etc.

 

“(...) Assim, a obra de arte nos traz uma última revelação: mostra que a história é o movimento incessante no qual o presente (o artista trabalhado) retoma o passado (o trabalho dos outros) e abre o futuro (a nova obra instituinte) (...)”[2].

 

Em nossa opinião expressar na obra de arte é “impactar” e “chocar” fazer com que o público perceba e entenda a real mensagem que o pintor, escultor, músico, ator, artista, etc; quer nos transmitir através de sua criação artística e não importa se tenhamos uma interpretação positiva, negativa, crítica de sua obra.

 



[1] Ideia de CHAUI, Marilena.
[2] CHAUI, Marilena.

Década de 1950 _ A função de Produtos de Massas às Produções Artísticas


FÓRUM: Como a década de 50 consolidou uma função de produto de massa às produções artísticas?

 

A partir dos nossos estudos sobre o Brasil na década de 1950, descobrimos que Getúlio Vargas foi reeleito presidente com a promessa política, administrativa e econômica de tornar o país desenvolvido, industrializado e moderno, pois ele rotulava como o “pai dos pobres” e a historiografia como “populista”. Percebe-se, que Getúlio Vargas se aproveitou dessa estratégia política para implantar no Brasil de maneira indireta, ou seja, oculta um governo autoritário onde os cidadãos brasileiros tinham que respeitar ele como pai e obedecer à sua autoridade, pois todos eram considerados como filhos e súditos.

E importante mencionar, no entanto, que a promessa de Getúlio Vargas foi cumprida em relação à industrialização e modernização do país, haja vista que as massas populares abandonaram suas regiões de origem em direção das grandes cidades e metrópoles, em busca de um novo emprego, melhores salários, estudos e qualidade de vida, e a partir daí, o modo de vida (consumo e comportamento) da população começou a mudar gradativamente.

Vale lembrar que, a industrialização e modernização promoveram o desenvolvimento e a expansão dos meios de comunicação de massas no Brasil permitindo o acesso a todos os cidadãos, tanto no que se refere à informação quanto ao lazer e o rádio passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, tornando-se um companheiro de todas as horas e um importante meio de informação e entretenimento.

 

“(...) o rádio exerceu forte influência na vida das pessoas, sendo capaz de criar modas, inovar estilos e inventar práticas cotidianas. Os diversos programas, como as radionovelas, programas de auditório, humorísticos, de variedades, de calouros e outros, fizeram tanto sucesso que marcaram profundamente a vida das pessoas, transformando-se em parte integrante do cotidiano. Além da divulgação de manifestações artísticas, mantinha as pessoas informadas e integradas, superando os limites físicos. O rádio trazia o mundo para dentro de casa (...) E continua presente em todos os meios, nas mais diversas situações. É utilizado como veículo de informação, lazer, denúncias e difusão  de uma ideologia  formadora de opiniões (...)[1]” .

 

De acordo com Yvonete Pedra Meneguel e Oséias de Oliveira, Getúlio Vargas passou a fazer uso desse meio de comunicação para difundir o projeto político – pedagógico do Estado Novo, repassando a imagem de uma sociedade unida e harmônica, sem divisões e conflitos sociais. Por meio de um programa oficial, “A Hora do Brasil” que deveria ser retransmitida por todas as emissoras do país, buscava-se difundir a informação, a cultura e o civismo, criando uma unidade nacional.

Ao conhecer a história dos primeiros tempos do rádio no Brasil e sua importância para a divulgação de uma ideologia, torna-se possível entender por que o poder público procurou, desde o início, manter sob o controle os meios de comunicação.

Não podemos esquecer-nos de mencionar neste fórum, que o cinema e o teatro tiveram um papel importante no desenvolvimento da produção cultural no Brasil que acabou sofrendo uma forte influência dos Estados Unidos em relação aos produtos da indústria cultural (cinematográfica, teatral, fonográfica, publicitária, etc.;), haja vista que o Brasil saiu na frente em relação aos Estados Unidos, com os filmes denominados de Chanchadas[2] nas décadas de 1950 e 1960 e seus atores e atrizes (Oscarito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves, Mazzaropi, etc.) foram aplaudidos e consagrados pelo público e criticados pelos estudiosos do cinema brasileiro por considerar que esses filmes eram imorais, vulgares, totalmente desprovido de conteúdo e de inteligência e não seguia as tendências (supremacia / glamour) do cinema americano. O público sofisticado fazia pouco caso delas e a elite cultural às esconjurava.

Percebe-se que a elite burguesa dominante tinha uma forte resistência em relação às produções artísticas culturais oriundas das classes populares e com o objetivo de reverter este cenário, urge um esforço de elaborar um novo projeto de cultura que deve representar o lado mais polido, culto, educado e civilizado da sociedade brasileira e a partir daí, foi criado o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) _ companhia paulistana que importou diretores e técnicos da Itália para formar um grupo de alto nível e repertório sofisticado, solidificando a experiência moderna do teatro brasileiro.

Em 1950, foi fundado o Teatro Paulista de Estudantes (TPE) ligado a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP com a missão de romper barreiras e desafios políticos e extinguir os padrões convencionais da expressão teatral vigente à época e a partir daí, propõem encenação de peças teatrais que levasse o público a atentar para os problemas políticos, econômicos, sociais do país e os dramas humanos coletivos, ou seja, mostrar o Brasil como ele realmente é.

 

“(...) o espetáculo atraiu a atenção das pessoas para a encenação nacional, que expunha uma crítica a sua própria realidade social (...)”[3].

 

“(...) a vontade do novo trazia embutido, em várias áreas da cultura, o desejo de transformar a realidade de um país subdesenvolvido, de retirá-lo do atraso, de construir uma nação realmente independente (...)[4]”.

 

Antes de finalizar este fórum, é importante informar ao leitor que a década de 1950, ficou conhecida como “anos dourados”, pois foi nesse período em que se pensou em fazer um novo tipo: de programa de rádio, de cinema, de teatro, de música, de literatura, de arte _ completamente diferente feito, até então.

 

“(...) Por outro lado, o vigor do movimento cultural encontrava eco junto a setores das camadas médias urbanas em franca expansão, sobretudo universitárias, sintonizadas com o espírito nacionalista da época, e com a crença nas possibilidades de desenvolvimento do país (...)[5]”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Citação extraída do artigo “O rádio no Brasil: Do surgimento à década de 1940 a primeira emissora de rádio de Guarapuava” de Yvonete Pedra Meneguel, professora PDE, 1º edição, graduada em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste _ UNICENTRO (1993). Pós-Graduação em Ensino, Teoria e Produção do Conhecimento Histórico pela Universidade Estadual Centro-Oeste _UNICENTRO (1998) e Professor Dr. Oséias de Oliveira, Docente do Curso de Graduação de História da Universidade Centro- Oeste _ UNICENTRO, orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional, PDE, 1º edição.
[2] Produções cinematográfica de humor que lotavam as salas de cinemas que escrachava com o subdesenvolvimento do país, fazendo dele motivo de gargalhada. No riso havia a catarse que fazia superar a autocomiseração nacional. Mas, sem dúvida, com poucos recursos, muitas vezes feitos às pressas e de forma improvisada, os filmes eram o reflexo da pobreza tecnológica e atraso geral do Brasil. Aos olhos dos críticos, eram muito mais: mostravam explicitamente a falta de cultura e de inteligência do país. Não obstante, muitos desses filmes satirizavam os costumes e a situação sócio-econômica e política, não podendo ser classificados como alienados ou alienantes. Como em muitas chanchadas, a impotência do brasileiro diante do colonizador havia inspirado o roteiro. Mas as frustrações de colonizado e, em particular nesta produção, o caos do governo de Getúlio, estavam implícitos em metáforas. Havia no filme algo mais que a simples intenção de provocar o riso e lotar os cinemas como era de se esperar numa chanchada. Por isso esta comédia ganhou certo respeito de críticos e estudiosos.
[3] Citação extraída do material disponibilizado pela professora Débora Maria M. Querido, no site da Universidade Gama Filho – UGF.
[4] Citação extraída do site http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Sociedade/Anos1950.
[5] Citação extraída do site http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Sociedade/Anos1950.
 

As diferenças entre a arte da década de 60 e 70 - Brasil


Acadêmico: Fabrício Oliveira
R.A: 71362
Curso: História e Cultura no Brasil
Disciplina: de Arte e Política: Cinema, Teatro e Música No Brasil
Professora: Débora Maria M. Querido

 

AVALIAÇÃO DISSERTATIVA: No que diz respeito à arte pedagógica em relação ao contexto político, comente as diferenças entre a arte da década de 60 e 70.

 

Fazendo a leitura do artigo “A Tropicália: Cultura e Política nos Anos 60” de Cláudio N. P. Coelho[1], foi possível entender que a década de 1960, revolucionou a produção artística no Brasil e no mundo produzindo um novo tipo de arte como: a Tropicália (Movimento Tropicalista[2]), a Jovem Guarda, a Bossa Nova, etc; que conquistou espaço na imprensa, no rádio e principalmente, na televisão brasileira.

 

“(...) nos anos 60 o pensamento de esquerda exerceu um forte influência sobre a produção cultural (...)[3]”.

 

Não podemos esquecer-nos de mencionar que na década 60, o Brasil sofreu intervenção militar (Golpe Militar / 1964) e o endurecimento do regime em dezembro de 1968 que tinha a missão de aterrorizar a sociedade civil de modo geral e exterminar qualquer tipo de idéia que fosse contrária ao governo imposto no país e por isso foi criado o AI-5, mas mesmo assim, existiram brasileiros (parlamentares, ativistas, sindicalistas, intelectuais, professores, estudantes, religiosos, artistas, etc;) que conseguiram superar seus medos, traumas, angústias, traições e decepções e não abandonaram suas razões ideológicas (políticas, sociais, educacionais, culturais, etc.) em prol de um Brasil democrático e onde qualquer espécie de “ditadura”, “repressão” e “censura” fosse abolido, pois acreditava-se que causava um mal estar na sociedade brasileira. Vale lembrar que, o teatro, o cinema, a música não se intimidou com as atrocidades cometidas pela ditadura militar e continuo driblando a repressão e a censura imposta e realizando uma arte de esquerda, contrária e engajada[4] que conscientiza os cidadãos brasileiros da política que está sendo implantada de norte a sul do país, e denunciar a realidade autoritária e repressora.

De acordo com as idéias de Cláudio N. P. Coelho, o tropicalismo rompeu com os velhos paradigmas da esquerda é por essa razão, mostrou-se contrária à produção tropicalista.

 

“(...) Essas novas produções se diferenciavam das artes da esquerda, pois não expressavam uma superação histórica, nem exaltavam a luta como forma de redenção, mas apenas retratavam a realidade brasileira como um alegre absurdo, com sons e formas diferentes, priorizando o sentir (...)[5]”.

 

“(...) O mais famoso dos confrontos esquerda X tropicalistas deu-se em setembro de 1968 no auditório do TUCA em São Paulo, quando as eliminatórias do Festival Internacional da Canção (FIC) promovido pela TV Globo. Ali Caetano Veloso foi praticamente impedido de cantar “É Proibido Proibir”, devido às vaias e gritos de militantes de esquerda situados na platéia, e respondeu com um discurso onde comparou esses militantes com os fascistas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que havia espancado os atores da peça “Roda Viva” de Chico Buarque de Hollanda, afirmando, também, que eles estavam ultrapassados, que iriam “sempre matar o amanhã o velhote inimigo que morreu ontem”, e que suas concepções artísticas prenunciavam posições políticas perigosas: “Se vocês em política forem como são em estética, estamos feitos! (...)[6]”.

 

Outro fator que chama nossa atenção em nossos estudos foi quando nós nos deparamos com o confronto entre a esquerda e com os músicos da Jovem Guarda (artistas alienados), pois para a esquerda Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa só cantam músicas de experiência alheias (ao universo da esquerda) _ conflitos sentimentais, passeios automobilísticos, etc; utilizando formas artísticas execradas por ela _ o rock _ inspirado no gênero americano. Na concepção da esquerda, os tropicalistas eram uma espécie de “agentes do inimigo” infiltrados para destruir por dentro, o “movimento revolucionário”.

Neste momento os estudantes e universitários entram em cena e eclode um grito no ar em prol da: democracia, liberdade (individual, coletiva e de expressão), justiça, da solidariedade, generosidade, dignidade, cidadania, igualdade de oportunidades, respeito às diferenças, etc; _ e em virtude disso, vários cidadãos brasileiros foram “convidados” a viver na ilegalidade e na clandestinagem, para salvar suas próprias vidas e não ser eliminados rapidamente pelo regime.

É importante esclarecer, portanto, que nem todos os indivíduos, pertencentes à esquerda política do Brasil viam os tropicalistas como “traidores” e “contrários” a revolução, haja vista que o tropicalismo denunciou através de sua arte uma nação confusa, injusta e engraçada que almejava por transformações urgentemente.

A década de 1960 foi marcada pelo movimento Hippie que defendia as idéias de liberdade sexual, do amor livre, da paz universal, de liberdade, da liberação do uso do álcool e de outras drogas, do rock e com o rompimento das tradições arcaicas e conservadoras que impregnavam na sociedade.

Assistindo o vídeo “Anos 70: Trajetórias _ Panorama Histórico Brasileiro” no You Tube, vimos que o Brasil viveu neste momento histórico o período mais sombrio da ditadura militar, marcado por presidentes militares e não civis onde os brasileiros foram caçados e torturados como animais, exilados de sua terra natal (Brasil), impedidos de exercerem suas profissões _ infelizmente, não temos números exatos e com precisão de quantas pessoas foram perseguidas pelo regime, haja vista que a censura se faz presente em todos os segmentos da sociedade “cenas de filmes, versos de músicas, notícias de jornais, peças de teatro e livros eram mutilados, cortados às vezes de forma incompreensível _ nos jornais muitas notícias eram censuradas como protesto o jornal Estado de São Paulo publicou versos dos Lusíadas para preencher os espaços vazios”.

Neste período vale elucidar que diversas produções artísticas e culturais foram censuradas como a peça de teatro “Rasga Coração” de Oduvaldo Vianna Filho, a primeira versão da novela “Roque Santeiro” de Dias Gomes. Segundo Celso Favaretto[7], vários artistas faziam versos, livros e cinema e eram “cortados” pela censura, mas através da linguagem figurada (metafórica / alusiva) driblavam a censura e transmitia e reproduzia suas ideologias políticas e culturais, pois todos encontravam na “corda bamba” com a ditadura militar.

Percebe-se que a televisão passou a ser o eletrodoméstico mais consumido entre os brasileiros. Incentivava os brasileiros a mudar os padrões de comportamento e suas próprias atitudes e a partir daí, a cultura começa a ser pensada como cultura de mercado que leva os indivíduos a ter a necessidade artificial de consumir cada vez mais.

Nesta época o rock ganha força embalado ao som de Raul Seixas, Novos Baianos, Secos e Molhados, Clube da Esquina e Rita Lee e o samba consegue novamente espaço entre outras esferas da nossa sociedade na voz de Cartola, Lupicínio Rodrigues, Adoniram Barbosa. Vários artistas que foram presos e depois exilados na década de 60 retornam ao Brasil e fazem grande sucesso entre o público e produzem novos discos.

Não podemos deixar de abordar que a ditadura militar criou diversas estratégias, para sabotar shows, espetáculos e as produções artísticas de modo geral. A Rede Globo passou a liderar o ranking das emissoras de televisão do país inovando sua grade de programação e na forma de informar e entreter o telespectador sem se opor a dinâmica do regime militar



[1] Doutorando do Programa de Pós _ Graduação do Departamento de Sociologia, FFLCH _ USP. Disponível em: www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/pdf/vol01n2a%tropicalia.pdf _ Tempo Social; Ver. Social. USP, S. Paulo, volume I.
[2] Denominação atribuída a manifestações artísticas espalhadas por diferentes ramos da produção cultural, como as artes plásticas _ com os trabalhos de Hélio Oiticica _, o cinema _ com as obras de Glauber Rocha _ ou o teatro _ com as peças dirigidas por José Celso Martinez. Música Popular Brasileira; onde se destacaram _ dentre outros _ os cantores e compositores como Caetano Veloso e Gilberto Gil.
[3] Citação extraída do artigo A Tropicália: Cultura e Política nos Anos 60”.
[4] Arte engajada: obra artística deve ter por referente à “realidade brasileira”, ser o reflexo da situação vivida pelo “povo brasileiro”; do contrário, se for à expressão da subjetividade do artista, por exemplo, será uma obra alienada, que “desvia” o povo da tomada de consciência dos seus interesses, dificultando sua participação na Revolução.
[5] Citação extraída do material disponibilizado para download pela professora Débora Maria M. Querido, no site da Universidade Gama Filho _ UGF.
[6] Citação extraída do artigo “A Tropicália: Cultura e Política nos Anos 60”.
 
[7] Professor do programa de Pós-Graduação em Filosofia da FFLCH-USP.