FÓRUM:
Comente, em uma lauda, a importância da cultura de massa e das novas vias de
comunicação públicas (como o cinema e o rádio) para a legitimação dos regimes
autoritários europeus e brasileiros.
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“(...)
E mais fácil governar uma nação, onde os “cidadãos” são obedientes e fanáticos,
do que cidadãos livres e democráticos (...)[1]”
Ao aprofundar nossos estudos, e ao ler o artigo “Cinema e propaganda política no
totalitarismo e na democracia: tempo de Hitler e Roosevelt (1933:1945)[2]”,
descobrimos que os regimes totalitários, ou seja, “ditaduras” se acederam pelo
planeta Terra, no desenrolar do século XX, e no limiar do século XXI, ainda se
faz presente como sistema político e forma de governo adotado principalmente
nos países do oriente Médio.
Para alcançar o poder; e conquistar o apreço e
admiração do povo (massas) governos totalitários da Europa, do Oriente Médio,
da América (Central, do Norte e do Sul) e inclusive do Brasil; utilizaram o
cinema, o rádio e a televisão para disseminar e legitimar suas ideologias
políticas, administrativas, econômicas, sociais, educacionais e culturais com o
objetivo de “seduzir”, “controlar”, “dominar”, “alienar”, “hipnotizar” as
massas populares em seu favor e conquistar os indivíduos emocionalmente e
psicologicamente. Após a ascensão e consolidação dos regimes totalitários e sua
manipulação dos meios de comunicação de massas, a censura foi instituída
oficialmente, através da “força” simbólica e física e as informações que chegaram
até o ouvinte e o telespectador era a favor do governo e do Estado e contra
toda atividade espontânea, democrática, liberal ou contrária a ideologia
oficial.
Vale mencionar que, no Brasil, no período da
ditadura militar (1964-1985), a censura imposta pelos militares, sobretudo após
o Ato Institucional – AI 5, censurou os meios de comunicação e várias canções foram
consideradas não aptas à execução e proibida de ser gravada entre elas Alegria, alegria, de Caetano Veloso; Cálice de Chico Buarque e Gilberto Gil, Pra não dizer que não falei das flores (também
conhecida como "Caminhando") de Geraldo Vandré, Sociedade Alternativa de Raul Seixas, Como Eu Quero de Paula Toller e Leoni, Tortura de Amor de Waldick Soriano, etc. Uma variedade de
programas televisivos foram banidos e proibidos para exibição como, por
exemplo, a primeira versão da novela Roque
Santeiro de Dias Gomes e Aguinaldo Silva, Irmãos Coragem de Janete Clair, Saramandaia
de Dias Gomes, Despedida de Casado de
Walter George Durst, o programa A
Discoteca do Chacrinha, o programa da Hebe
Camargo.
Nazismo alemão, fascismo italiano, franquismo
espanhol, stalinismo soviético, militarismo brasileiro foram audaciosos ao
perceberem que poderiam utilizar esse meio de entretenimento como um recurso de
divulgação de suas propagandas políticas; haja vista que seu foco principal não
era de transmitir alegria, lazer, conhecimento e cultura as massas, mas sim
fiscalizar suas vidas do nascimento até a morte e impor e preservar
comportamentos, conceitos e valores (morais, sociais, religiosos).
“(...)
O nazismo marcou o final das estéticas expressionistas e das vanguardas da
década de 1920 _ responsáveis por tornar o cinema alemão conhecido mundialmente
_, que passaram a ser consideradas como “arte degenerada”. Neste momento, os
nazistas exerceram um forte controle sobre o cinema, fazendo com que muitos
judeus, comunistas e pessoas consideradas “inimigas do Estado” fossem excluídos
do meio cinematográfico e artístico da Alemanha (...)[3]”.
No Brasil, não foi diferente. É importante salientar,
que no período da ditadura militar brasileira, vários artistas, intelectuais e
políticos foram “convidados” a viver na clandestinagem e tendo suas obras
artísticas “borradas”, censuradas, revisadas ou até mesmo reprovadas sendo
classificada como imprópria para os paradigmas da época. Em contrapartida,
surgiu no cenário internacionais e nacionais, novos” artistas (astros e
estrelas) que glorificavam os regimes totalitários e endeusava a “figura de
autoridade” do ditador, no caso do Brasil, o cantor Wilson Simonal, era
suspeito de ter ligações com a ditadura militar e possuiu a fama de delator, ou
seja “dedo duro”.
“(...)
Durante a década de 1930, tanto o cinema alemão (...) produziram filmes
dedicados aos seus líderes políticos, à imagem do “homem novo” e da “nova
nação”. Na década de 1940 foram realizados filmes sobre os inimigos da nação e
produção voltadas para o tema de guerra (...)[4]”.
A barbárie chegou à mídia: pelo rádio, pelo cinema e
pela televisão e havia programa radialístico e televisivo que incentivava a
exclusão, a discriminação, o preconceito e o extermínio e os alvos preferidos eram
os judeus, os negros, os homossexuais, os ciganos, os deficientes físicos, as Testemunhas
de Jeová, os ingleses, os russos, entre outros.
“(...)
No caso alemão, Joseph Goebbels instruía os cineastas para que Fuhrer fosse
apresentado como o “salvador da Alemanha”, um ser iluminado em cenários
grandiosos. Cada aparição de Hitler era estruturada como uma grande peça
teatral, cuidadosamente encenada para a câmera (...) Para os filmes históricos,
o ministro da propaganda recomendou que os cineastas traçassem um paralelo
entre Hitler e as grandes personagens históricas da Alemanha, tais como o rei
Frederico II, Bismarck, Friedrich Schiller, Carl Peters, etc (...)[5]”.
Para encerrar esse fórum não podemos de deixar de
abordar que o rádio, o cinema e a televisão no período dos regimes totalitários
ao redor do mundo ajudou a construir a falsa ideia de “nova nação” e do “homem novo”
fazendo com que as massas populares acreditassem fervorosamente nessa ideologia
e que o povo alemão era superdotado, ou seja, se julgavam superiores aos demais
povos que devia reverência e obediência e subordinação.
“(...)
Os filmes nazistas afirmavam que as democracias ocidentais eram nações demoníacas
que pretendiam destruir a Alemanha, por isso, os alemães viam-se obrigados a
atacar primeiro (...)[6]”.
[1] Informação verbal (02/10/2012)
transmitida pela Rádio Sul América Trânsito 92,1 FM.
[2] Artigo escrito por Wagner
Pinheiro Pereira, doutorando em História Social (Depto. De História _ FFLCH –
USP) e pesquisador vinculado ao Laboratório de Estudos sobre Intolerância –
Universidade de São Paulo (LEI – USP).
[3] Ibidem, p. 4.
[4] Ibidem, p. 5.
[5] Ibidem, p. 6.
[6]
Ibidem, p. 7.
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