AVALIAÇÃO
DISSERTATIVA: Faz parte do ofício do historiador
tentar recuperar o conceito de cultura popular, conceito esse que não é dado,
mas construído e “inventado”. Essa “invenção cultural” de cultura popular vem
do século XIX e do mundo urbano e industrial em ascensão e conseqüentemente,
do surgimento das multidões e das massas. Discorra sobre as razões que
levaram a construção e invenção do conceito de cultura popular nesse contexto
histórico específico, para isso leve em conta tanto o contexto europeu quanto
o brasileiro.
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Analisando o artigo “Cultura popular entre a tradição e a transformação[1]”,
identificamos que anterior ao século XIX; estudiosos e pesquisadores[2]
já tinha o interesse em investigar a cultura popular, pelo fato de possuir em
seu contexto elementos heterogênico e por estar associado a algo bizarro,
distantes dos paradigmas da época. Oriunda do “mundo underground, das camadas rotuladas como inferiores, subalternas, e
do submundo, muitas vezes sofreu discriminação, preconceito e perseguição da
elite tradicional, conservadora, moralista e dominante (européia e brasileira),
pois almejava “doutrinar”, “adestrar”, “silenciar”, através de uma política
iluminista (racional) e positivista de ordem, progresso e obediência ao governo
e ao Deus católico e protestante.
“(...)
destaca ainda a crescente preocupação das autoridades com práticas que geram
protestos, tumultos, como o carnaval _ entre outras manifestações populares
(...)[3]”.
Com receio de uma suposta revolução social,
promovida pela cultura popular, a burguesia direcionou sua atenção para a
criação artística do povo marginalizado socialmente pelo mundo moderno,
capitalista e urbano.
Em relação ao Brasil, do século XIX, o folclore e a
cultura popular despertaram a atenção dos estudiosos não somente pelo fato de
desvendar a “gênesis” da cultura popular em sua íntegra, mas para ajudar a
construir a identidade nacional, através de análises dos contos, cantos,
poesias, festas, humor, superstição, etc; e não pelos agentes que os gerem e
consomem, haja vista que o Brasil se encontra em um período de modernização.
“(...)
história popular sempre foi relacionada com a história dos excluídos, que não
têm patrimônio ou não conseguem que ele seja reconhecido e conservado (...)[4]”.
No desenrolar do século XX, a preocupação dos
estudiosos passou a ser outra em relação ao século passado, pois tinham o
desejo de transformar o folclore em uma disciplina científica autônoma, e a
partir daí, explicar e reconstruir as manifestações culturais e tradicionais ao
contrário, do século XIX, que estudou o folclore sem a utilização de um método
que não foram guiados por uma delimitação do objeto de estudo, mas através de
um viés político e ideológico (europeu e brasileiro).
É importante mencionar que, o “mass média” distorce a apresentação das manifestações populares
(mito, folhetim, festa, humor, superstição, etc), pois é apresentado ao consumo
público, como uma mercadoria que deve ser consumida seguindo a lógica do
mercado durante o processo de exibição que posteriormente poderá ser
substituído por outro da mesma espécie que está sendo lançado ao mercado.
“(...)
para o mercado e a mídia o popular não interessa como tradição, ou seja, como
algo que perdura. Ao contrário, o que tem popularidade na indústria cultural
deve ser, após atingir o auge, relegado ao esquecimento, a fim de dar espaço a
um novo produto que deverá ser acessível ao povo, ser do gosto do povo, enfim
ser popular (...)[5]”.
A política populista visando ganhar força, crédito e
poder apropria da cultura popular para construir sua plataforma política com o
objetivo de enganar e ludibriar o cidadão comum e que nos faz pensar que somos
agentes dessa política e que o Estado nos inclui e reconhece e permite a fazer
parte desse palco de poder.
Ficamos em dúvida se é pertinente, ou não fazer este
comentário, mas na década de 60, chegou-se à conclusão de que, era necessário
aproximar intelectuais, artista e o povo[6]
que fabricava a cultura popular com a intenção de unir as forças e derrubar o
regime totalitário vigente, em prol da construção de um projeto de cultura
nacional (arte X política) que pudesse transformar a sociedade, de modo em
geral, sem distinção de sexo, raça, trabalho, ideologia, credo, cor,
deficiência, etc; visando a direção da sociedade.
“(...)
acabam negando a validade das manifestações populares e mantêm o preconceito em
relação à cultura popular ao aproximá-la da “falsa cultura”, entrando, por
conseguinte, num processo de alienação que eles tanto combateram (...)[7]”.
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